quinta-feira, 30 de maio de 2013

Uma Noite Para Respirar

Dia 28

       - Nós temos outros produtos também, aqui, sabia? - disse a caixa do supermercado mascando seu chiclete.
       O rapaz sorriu e olhou para sua compra que consistia em um engradado de cervejas e uma garrafa de cachaça barata. Em seguida olhou para os demais corredores do supermercado.
       - Sim, mas nenhum deles me interessa.
       - Era o que meu finado avô sempre dizia.
       A caixa comentou com displicência.
       - Então é o que seu finado amigo está dizendo.
       Sorrindo pontuou a conversa e a caixa era uma menina prudente que nada disse, apenas avaliou o traseiro do rapaz que se distanciava com sua compra de embriagues.
       Naquela noite não chovia. Era uma agradabilíssima noite de verão e um vento delicioso soprava cada recanto da cidade, exceto na caverna do cemitério do Vale do Paraíso. Lá, um homem alto e maltrapilho apreciava um vinho de boa safra enquanto preparava o jantar, composto essencialmente por salada. Quando terminou sua refeição atentou aos gritos abafados nas profundezas da caverna. O suor escorria por sua face e ele bebeu com gosto o último gole de vinho em sua taça.



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