sábado, 28 de dezembro de 2013

Capítulo 5


Inspiração

  Como escritor, Ulisses se sentia sem inspiração e disposição para escrever algo que pudesse ser apreciado. Na escuridão dos corredores da casa vazia ele percorreu sua solidão. Até que o fantasma de Snypes começou a lhe aparecer em todos os corredores da casa.
  - Oi Sr. Alves. Vamos conversar?
  - Porque não?
  Respondeu, perguntando Ulisses, sorrindo.
  Ulisses e Snypes encaminharam-se para o porão debaixo do cemitério.
  - Fala aí. Beleza, rapaz? - começou Ulisses, sacaneando Snypes.
  Quando Snypes começou a falar, foi interrompido pelo escritor.
  - Tive uma súbita vontade de escrever. A solidão me fez bem.
  Confessou, sorrindo.
  Despediu-se de Snypes e subiu as escadas para o cemitério. Snypes, que, apesar de estar planejando uma conversa com Ulisses à semanas, perdeu a vontade de conversar com ele naquele porão escuro daquele dia quente e ensolarado. Dias quentes e ensolarados não eram propícios à existência de fantasmas nebulosos e cinzentos com rancor pelos vivos no vazio onde antes batia um coração. Enquanto imergia nas trevas do porão, Ulisses emergia da escuridão das escadas do porão para a luz do sol que iluminava a grama verde do cemitério.  Correu para o escritório no último andar, abriu seu velho computador vinho e começou a digitar.







 "- Pode se saber o que estava procurando na segunda fileira das estantes? - Inspiração e, como pode ver, encontrei. - Mas de tipo culinário. Combinamos que escreveria todo santo dia, com inspiração ou não.
(trecho de O Jogo do Anjo, de Carlos Ruiz Zafón)

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